Ouça a Narração
Bem vindo à Forja. Vamos falar da diferença entre tarifas e sanções.
Em consonância com a promessa contida no slogan de campanha, de fazer que a América se torne grande novamente (Make America Great Again), Donald Trump iniciou um processo de revisão das tarifas cobradas sobre os produtos de vários países que mantém relações comerciais com os Estados Unidos, entre os quais o Brasil.
Conforme se lê na carta enviada pelo mandatário americano ao presidente Luís Inácio da Silva, vulgo Lula, o objetivo das tarifas seria pressionar o governo brasileiro a zerar, ou senão reduzir as tarifas sobre os produtos importados dos Estados Unidos, abrindo o mercado para novos consumidores.
Existe entre os países, que também receberam cartas de Donald Trump com o mesmo teor daquela enviada ao Brasil, o entendimento de que é um direito de cada Estado estabelecer as tarifas que achem necessárias à manutenção de suas políticas comerciais e nenhum deles viu nisso qualquer ataque contra suas soberanias, exceto o Brasil, único país que aderiu a esta narrativa.
A China, por exemplo não entendeu como ataque à sua soberania, quando Lula resolveu do nada aumentar as alíquotas e a abrangência das tarifas impostas sobre as compras vindas daquele país sobretudo através do comércio eletrônico (taxa das blusinhas), o que afetou sensivelmente o volume do comércio entre China e Brasil.
Também as tarifas que o Brasil impõe sobre os produtos americanos tornam proibitivos o consumo dos importados daquele país, resumindo esse comércio quase que exclusivamente à faixa mais rica da sociedade, que pode arcar com os custos excedentes das tarifas que elevam os preços em quase cem por cento, enquanto exclui os mais pobres que tem de consumir produtos de qualidade inferior ou de procedência duvidosa.
Tarifar em 50% os produtos brasileiros consumidos pelos americanos, nada mais seria que uma política de reciprocidade nunca antes adotada pelos governos americanos anteriores, em face a quase irrelevância do volume de produtos americanos consumidos por brasileiros. Mas Trump quer corrigir esta disparidade e colocou na carta a condição de que o Brasil repense as políticas tarifárias que cobra dos produtos americanos.
Bastaria que o governo brasileiro sinalizasse a disposição de zerar tarifas sobre produtos americanos para que a ameaça de tarifação da carta se tornasse sem efeito, atitude adotada por vários países como bem exemplificada no caso da Argentina que negocia zerar as tarifas de 80% de seus produtos importados.
A tarifação sobre produtos exportados, tanto quanto o aumento ou a redução de tarifas, são políticas comerciais legítimas adotadas e aceitas em todo o mundo para controle e equilíbrio da balança comercial de cada país.
Normalmente, qualquer movimento no sentido do aumento de tarifas por qualquer país deveria ser seguido de negociações levando a parte que se sentir mais prejudicada a fazer concessões a fim de evitar prejuízos na balança comercial. Mas em vez disso, o governo brasileiro prefere partir para a beligerância, tentando criminalizar algo que é legítimo e comum nas relações comerciais por todo o mundo.
Isso se deve ao posicionamento político de Donald Trump que faz questão de deixar claro todo o tempo que gostaria de estar negociando com Jair Messias Bolsonaro, a quem Trump elogia reiteradamente dizendo que Bolsonaro era um ótimo negociador, preocupado com os interesses dos brasileiros, atingindo em cheio o ego do Lula, que considera a si mesmo como um expoente da diplomacia e ao mesmo tempo demonstra que não é tanto como pensa.
O risco que corremos na medida em que cresce a animosidade entre os dois presidentes, é que Donald Trump resolva decretar verdadeiras sanções contra o Brasil, proibindo as empresas americanas, inclusive as do mercado de crédito internacional, de manter relações comerciais com o Brasil, impedindo nossos produtos de entrarem nos Estados Unidos, como aconteceu no passado com Cuba e mais recentemente no caso da Venezuela.
Seria melhor para o Brasil aceitar o convite de ir negociar a redução das tarifas e embargos sobre os produtos americanos, ou pelo menos tentar absorver os impactos da tarifação americana, já que não quer negociar, do que escalar o conflito político e diplomático entre os dois países, o que poderia resultar em verdadeiras sanções contra o Brasil, aí sim um resultado catastrófico para o futuro do país.
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