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Bem vindo à Forja. Vamos falar de Ciro Gomes.
A campanha para Ciro Gomes tem tomado corpo na internet e precisa ser olhada de perto pelos eleitores da direita conservadora que um dia escolheu Jair Messias Bolsonaro como seu representante.
Ciro Gomes construiu sua carreira política pautado muito mais em criticar e expor os potenciais erros e defeitos de seus adversários (ou mesmo de seus aliados, sem qualquer pudor) do que em dar publicidade às próprias realizações.
Já em 1983, recém filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) pelo qual se elegera Deputado Estadual, ele dava sinais desta disposição para se apresentar como "engenheiro de obras prontas", ao tecer duras críticas contra Gonzaga Mota, o Governador eleito do Ceará que era do mesmo partido que ele.
Naquela época Tasso Jereissati era um dos empresário mais bem sucedidos do Nordeste e logo se tornaria a maior liderança política do Ceará, como um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que foi formado a partir das dissidências do PMDB.
Ainda quando estava no PMDB, contando com o apoio financeiro de Jereissati, Ciro Gomes chegou à Prefeitura de Fortaleza, mas deixou o cargo com pouco mais de um ano de mandato, para concorrer na eleição para o Governo do Ceará, sucedendo ao próprio Tasso Jereissati e se tornando o primeiro Governador eleito no Brasil pelo recém fundado PSDB, para o qual migrou levado pelo padrinho.
É digno de nota que a primeira grande derrota de Tasso Jereissati no Ceará se daria em 2010, depois que Ciro e Cid Gomes se uniram ao Lula, apoiando a José Pimentel, o candidato do PT para o Senado, que era inimigo político declarado de Jereissati.
Voltando um pouco no tempo, o então recém criado PSDB cogitou formar uma aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT) lançando Tasso Jereissati como vice na chapa de Luiz Inácio da Silva, vulgo Lula, para vencer Fernando Collor nas eleições de 1994, mas o impeachment do Collor e a ascensão do nome de Fernando Henrique Cardoso durante o governo do Itamar Franco (PMDB) mudou os planos do partido.
Quando Fernando Henrique precisou se desincompatibilizar do Ministério da Fazenda para concorrer à presidência, Rubens Ricupero assumiu seu lugar, mas caiu meses depois ao ser flagrado dizendo que não tinha escrúpulos. Tasso Jereissati, era então o Presidente Nacional do PSDB e indicou o nome de Ciro Gomes para ocupar o lugar de Ricupero no final do Governo do Itamar.
Tasso Jereissati, tinha projeção nacional como Presidente do PSDB e contava com o apoio do eleitorado no Nordeste, sendo considerado o substituto natural de Fernando Henrique Cardoso após o fim do primeiro mandato, mas o então Presidente manobrou junto ao Congresso para aprovar a Lei que instituiu a reeleição.
Talvez motivado por isso, Ciro Gomes então abandonou o PSDB e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) do Roberto Freire, que tinha mudado o nome para Partido Popular Socialista (PPS), com a ambiciosa intenção de se lançar candidato à Presidência da República em 1998.
Seguindo sua antiga estratégia, Ciro Gomes saiu do PSDB falando mal de seus antigos aliados e do Plano Real, juntando suas críticas às de Lula e Leonel Brizola entre outros líderes da oposição. Todos eles foram derrotados mais uma vez no primeiro turno das eleições de 1998 por FHC.
Depois da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes se reuniu com Lula para propor uma coligação dos partidos da oposição a fim de derrotá-lo.
No entanto, Lula decidiu manter a independência do PT em relação aos outros partidos, porque não aceitava a hipótese de abrir mão de sua candidatura em favor de qualquer outro nome, chegando mesmo a dizer no Programa Roda Viva que a ideia de reunir os partidos de oposição era dele, mas que excluía Ciro Gomes por supostas divergências ideológicas.
Ciro Gomes conseguiu formar a coligação de oposição, reunindo o PPS e o PTB e, para garantir o apoio do PDT de Leonel Brizola, chamou-a de Frente Trabalhista. Na época Brizola já estava com 80 anos e aderiu emocionado ao movimento do Ciro Gomes, por supostamente ver o sonho de Getúlio Vargas se realizando naquela iniciativa.
Foi então candidato em 2002 pela coligação formada com o apoio de Leonel Brizola e conseguiu dividir o eleitorado do Fernando Henrique Cardoso, ajudando Lula a chegar no segundo turno pela primeira vez numa disputa contra o PSDB.
Ao fim do primeiro turno, Ciro declarou abertamente que apoiava ao PT do Lula e, com os votos do Nordeste, Lula finalmente conseguiu chegar à Presidência. Em troca Ciro ganhou o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, onde ficou de 2003 a 2006.
O político cearense não se candidatou mais à Presidência da República durante todo o período de quatorze anos do PT no poder, abrangendo os Governos do Lula e da Dilma, contentando-se em ser um Deputado Federal discreto, até 2011. Só voltou a se candidatar à Presidência em 2018, quando Jair Messias Bolsonaro crescia nas pesquisas e ameaçava vencer o PT no primeiro turno.
Ciro Gomes ficou em terceiro lugar em 2018, conseguindo mais uma vez dividir o eleitorado, como fez em 2002, e levou Fernando Haddad ao segundo turno, mas não foi o suficiente para vencerem a eleição e Bolsonaro foi eleito.
Em 2022, Lula recém libertado da cadeia veio novamente como o candidato da esquerda, mas corria o risco de perder para Bolsonaro no primeiro turno. Desta vez a antiga estratégia usada por Lula deu certo e, com a ajuda da Simone Tebet que, não por coincidência, pertence ao partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, assim como Ciro Gomes também já fez daquele PSDB derrotado por Lula em 2002.
Ciro e Tebet juntos conseguiram dividir os eleitores da direita falando mal do Lula no primeiro turno, fingindo serem inimigos da esquerda e assim o levaram ao segundo turno, para então o apoiar mais uma vez e assim elegê-lo.
Agora mesmo cresce nas redes sociais, especialmente no X (Twitter) e no Instagram um movimento de apoio ao Ciro Gomes que juram ser espontâneo, dando conta de que ele estaria disposto a voltar para o PSDB a fim de ressuscitar a legenda que foi destruída em 2018 na eleição de Bolsonaro, e que ele ostenta a bandeira da direita, que aquele partido por ser socialista desde a origem nunca defendeu.
O eleitor da verdadeira direita conservadora que vem tomando forma desde a eleição de Jair Messias Bolsonaro, sabendo desta estratégia reincidente que é levada a cabo por políticos que não demonstram nenhuma coerência entre aquilo que dizem e o que fazem, e também não guardam lealdade a quaisquer valores, exceto aqueles ligados aos ideais da esquerda socialista que se traveste de direita para ganhar votos nas eleições, deveriam rejeitar nas urnas o ardil dessa gente pelega.
É hora de dizer basta à manipulação e assumir de uma vez por todas:
Nunca antes existiu, e ainda hoje não existe, direita sem Bolsonaro.
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