Julgamento sobre suspeição de Sérgio Moro pode ter precipitado a anulação das condenações de Lula
Buscando uma explicação para a decisão estapafúrdia de anular monocraticamente (i.e. por iniciativa própria) as condenações de Luiz Inácio da Silva, o Lula, tomada pelo Ministro Edson Fachin no dia 8 de março, a conclusão mais lógica seria que ele tentou proteger Sérgio Moro de um processo de suspeição movido no próprio STF e relatado pelo Ministro Gilmar Mendes, crítico notório das ações da Força tarefa de Curitiba e do juiz a frente dos julgamentos.
Mas Gilmar Mendes tem outro entendimento e manteve o julgamento.
Se o Plenário do Supremo for acionado pra julgar a validade da decisão monocrática tomada por Fachin (como deve acontecer) e, se ela for derrubada (aqui uma incógnita), depois de já terem arquivado o caso de suspeição de Sérgio Moro, Lula voltaria a ser condenado o STF não teria mais nada ao que se apegar para questionar as ações da Lava Jato. (Talvez fosse essa a ideia do Fachin).
O pedido de vistas feito pelo Ministro Kássio Nunes neste contexto faz todo sentido do mundo. Porque visa ganhar tempo, até que se resolva a pendenga da decisão monocrática do Fachin no Plenário do Supremo. Se o Colegiado decidir que Fachin agiu certo ao anular as condenações de Lula, tanto faz o resultado do julgamento de suspeição de Moro. O objetivo de inocentar o ex-presidente já teria sido alcançado com a anulação das condenações.
Por outro lado, se o Plenário entender que houve arbitrariedade por parte de Fachin e anular sua decisão, Gilmar Mendes ainda tem mais uma bala na agulha no julgamento de suspeição. Daí ele se precaver mantendo o inquérito contra Sérgio Moro
O fato notório neste verdadeiro jogo de pôquer que está sendo jogado na Suprema Corte é que Edson Fachin tentou por todos os meios impedir que o julgamento de suspeição de Sérgio Moro prosseguisse, ao ponto de se expor ao vexame de anular sentenças confirmadas diversas vezes, em todas as instâncias abaixo do Supremo Tribunal Federal.
E a curiosidade fica por conta do por quê um Ministro do Supremo se exporia a tanto. O que o julgamento do mérito sobre a suspeição de Moro poderia revelar de tão grave? O que haveria nas conversas entre Moro e os agentes do Ministério público do Paraná que ainda não foi divulgado na Vaza-Jato? Ou não teria nada a ver?
Graças a insistência de Gilmar Mendes em manter o julgamento de Sérgio Moro mesmo depois do argumento apresentado por Edson Fachin, em breve saberemos o que está por trás de tudo isso.
Ou não. O que menos se pode ter na atual conjuntura é segurança de nada
Só nos resta aguardar.
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Crédito da foto: Print da postagem da Deputada Carla Zambelli em sua página oficial.
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